
Gostaria de ser uma pessoa de mais fé. Gostaria de acreditar mais nas coisas e nas pessoas. Ao contrário disso, questiono muito e sou bem cética em certos assuntos.
Não que eu seja pessimista - também não é para tanto - mas prefiro me preparar para o pior, sempre!
Quando descobri meu cisto e o médico me avisou da possibilidade de eu não sair andando do hospital, eu imediatamente comecei a me preparar psicológicamente para isso. E foi exatamente o que aconteceu. Talvez por isso eu não tenha passado por grandes traumas e revoltas quando tive que sentar na minha cadeira.
Quando eu fui pro Sarah pela 1ª vez, a minha família inteira estava megaconfiante. Todos acreditavam que eu voltaria de lá andando, ou pelo menos, com a possibilidade de. Mas eu não. Eu fui até lá para obter respostas sobre o meu caso. Eu queria explicações que os médicos daqui não sabiam (ou não queriam) me dar. É claro que, lá no fundo, eu queria ouvir que era possível, que existia solução... Mas eu me preparei para a pior resposta. E foi exatamente a que eu ouvi. "Não é impossível, visto que o organismo humano surpreende a medicina a todo momento, mas a cura definitiva é muito remota!"
Todo mundo se frustrou, menos eu! Eu já estava pronta para isso.
Meu marido diz que esse modo de pensar atrai negatividade. Pode ser... quem sabe?
Ele acha que se eu acreditasse mais na minha cura, ela seria viável. Minha mãe acha que se eu for à igreja, fizer promessa, rogar à Deus, vou voltar a andar rapidinho.
Aí eu me questiono: e se esse for o plano que Deus traçou pra mim? E se essa condição fizer parte do meu crescimento pessoal? E se Deus acha que eu realmente preciso passar por isso para me tornar uma pessoa melhor? Lutar contra isso não seria lutar contra a vontade Dele?
Sabe aquela história de pegar o limão e fazer uma limonada? Pois é, acho que é por aí!
Ao invés de ficar obcecada, tentando voltar a andar a todo custo, porque não gastar essa energia com coisas mais produtivas? Trabalho voluntário, por exemplo. Ou voltar a estudar.
Prefiro pensar que Deus me deu a chance de rever meus conceitos, de repensar os meus atos, de ampliar minha visão de mundo, mesmo que, para isso, tenha sido necessário me tirar a capacidade de andar.
No fim das contas, acho que o preço é justo. Quando eu paro para comparar a pessoa que eu era há 4, 5 anos atrás e a que eu sou hoje, eu não quero nem saber de pernas funcionando.
Honestamente.