quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sobre os planos para o agora

Depois de um longo e tenebroso inverno (mais precisamente 3 anos) eu resolvi que chegou a hora de seguir em frente.
Eu sou assim. Eu vivo intensamente os meus ciclos, extraio deles tudo o que tem de bom e de ruim, analiso, pondero, vou no fundo do poço e volto quantas vezes forem necessárias, aprendo, vivencio, dialogo, me adapto, fecho a conta e sigo em frente. Com a certeza de que não ficou nada para trás. Foi assim com os ex-amores, foi assim com a gastroplastia, assim será com a deficiência. Ela já me deu o que eu precisava. Agora , é só juntar tudo na bagagem e colocar o aprendizado em prática.
Foi difícil escolher o caminho, mudar o rumo... recomeçar nunca é fácil pra ninguém! E o primeiro passo é sempre o mais difícil! Se desvencilhar da comodidade, se desfazer daquele dia-a-dia cronometrado e programado que te dá sempre a certeza de que tudo vai acontecer como previsto.
Depois de muitos conflitos internos e pressões externas, resolvi que não quero ser atleta. Hoje em dia, a maioria dos deficientes recorrem aos esportes para recomeçar, para provar que são capazes, que estão aptos. Alguns se descobrem verdadeiros campeões. Eu fiquei tentada a tomar esse rumo por que  é o mais fácil. Vc encontra esporte adaptado com facilidade na cidade: basquete, atletismo, natação... e eu sempre gostei de esportes, apesar de nunca ter praticado grande coisa. Mas isso seria o óbvio, e o óbvio nunca me atraiu.
Então, resolvi que vou voltar a estudar! Terminar minha faculdade que está trancada há tanto tempo! Acho que essa é a hora certa. Amigos novos, ambiente novo, preocupações novas... é disso que eu preciso nesse momento. Me afastar do pensamento de imobilidade e começar a viver, na prática, a minha independência, a minha liberdade.
Vou viver o novo! Por que a vida segue e quem vive de passado é museu!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sobre os rebeldes alienados

Sabe vergonha alheia? Pois é, é o que eu sinto todas as vezes que vejo nos noticiários a palhaçada dos alunos da USP.
Então é por isso que a juventude luta hoje em dia??? Para poder cometer atos ilícitos em paz? Depredam o patrimônio público em nome de um baseado no intervalo das aulas?
Eu sou de um tempo em que a juventude pintava a cara e ía para a rua derrubar presidentes corruptos. De um tempo em que o Movimento Estudantil fazia passeatas para conquistar direitos importantes como a Meia Passagem e a Meia Entrada em eventos culturais. De um tempo em que os estudantes se aliavam aos professores em suas greves por melhores salários e condições de trabalho.
Antigamente (isso me dá a idéia de que estou ficando velha) os jovens eram mais politizados. Hoje, são uma geração de alienados que não sabem o que acontece ao seu redor e só sabem contar a quantidade de beijos que conseguiram trocar na balada da noite anterior. Muito triste isso! Daqui a alguns anos, com um diploma inútil nas mãos (ou nem isso. A nossa democracia permite que se represente a população, desde que se saiba escrever o próprio nome.) vão virar deputados, vereadores, senadores e afins... vão dar continuidade à essa bagunça que está a política nacional, sem terem a menor noção do que estão fazendo.
Parece que estamos no fim dos tempos!
Mas a pergunta que não quer calar é: ONDE ESTÃO OS PAIS DESSES ESTUDANTES???
Talvez sentados no sofá de casa assistindo tranquilamente aos noticiários na certeza de que seus filhinhos queridos estão longe dessa baderna. Sim, porquê nenhum pai, por mais liberal que seja, apoiaria esse tipo de atitude. Ou será que estou vivendo em Marte e ainda não descobri?
E o que mais me incomoda nessa história, é que tudo vai dar em nada. Daqui a pouco, estarão todos de volta  à Universidade, fumando seus baseados e conquistando um diploma na melhor universidade da América Latina. A nós, caberão os custos da reforma que será feita na Reitoria. Dinheiro público gasto para reparar os danos da rebeldia ridícula.
Ninguém terá a idéia de punir esses 70 alunos com trabalho suado? Se eu mandasse em alguma coisa nesse país, esses alunos seriam obrigados a trabalhar na reconstrução do prédio que eles quebraram, e sem remuneração! Cadeia não recupera ninguém mesmo... o negócio é pagar na mesma moeda. Quebrou? Constrói! Queimou mendigo na rua? Trabalho voluntário no cetro de queimados de algum hospital para conhecer a dor que causou no outro! Pariu e jogou o bebê no lixo? Trabalho voluntário em uma UTI neo natal para conhecer de perto o desespero de mães que correm o risco de perder seus filhos. E assim por diante... Isso sim, talvez regenere o caráter de alguém.

E como tudo no Brasil termina em pizza, já já a imprensa para de falar sobre o assunto e a vida continua... até o próximo escândalo!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

4 anos de cirurgia bariátrica.

Antes, com 102kg!
Hoje fazem 4 anos que eu operei o estômago! Foi a mais acertada decisão da minha vida!
Passei 27 anos da minha vida lutando contra a obesidade até o destino me colocar de frente com o Dr. Ivan Neiva, que me indicou a cirurgia bariátrica. Quando ele tocou no assunto, meus olhos brilharam. Me vi diate da solução para todos os meus problemas pessoais. Sim, porquê quem é gordo acha que todos os problemas do mundo estão acontecendo por causa da obesidade.
Topei na hora, recebi todas as informações necessárias e marcamos uma nova consulta, onde eu teria que trazer as pessoas que fossem mais próximas e que cuidariam de mim no pós-cirúrgico para serem orientadas sobre a cirurgia. Aí começou a fase mais difícil: convencer o Elmir. Ele não topou de jeito nenhum! Disse que não era necessário, que eu poderia emagrecer fazendo dieta, que era um risco muito grande, que eu poderia morrer, que eu tinha uma filha pequena para criar... enfim! Chegou numa fase em que eu até evitava tocar no assunto, mas continuava fazendo os exames preparatórios. Até que um dia, cansada de nadar contra a maré, eu fui taxativa: Eu vou fazer! Quer vc queira, quer não! (Foi a única vez em que eu tomei uma decisão sozinha. No nosso casamento, tudo é dividido, tudo é decidido em conjunto, só se faz aquilo que é bom para os dois.)
Funcionou. Ele aceitou ir para a consulta mas deixou claro que não concordava com a cirurgia. Felizmente, o impasse durou pouco. Duas horas de conversa com o Dr. Ivan foram suficientes para convencê-lo de que a cirurgia bariátrica era a melhor opção pra mim.
Durante o processo.
Três meses depois, muitos exames e laudos debaixo do braço, eu entrava na sala de cirurgia tomada por um misto de excitação e pânico. Nunca senti nada igual! Eu estava feliz por dar um passo tão importante na minha vida e, ao mesmo tempo, apavorada com a possibilidade de algo dar errado. Não deu, felizmente! Mas foi preciso muita disciplina para tudo caminhar direito (ainda bem que disciplina nunca foi um problema pra mim!) O processo foi dolorido, mas rápido. Já no 1º mês eu havia eliminado 16kg! Dieta líquida (suco, leite, chá e caldo) de 45 dias, depois, mais 45 dias de dieta pastosa (purê, iogurte, gelatina, sopa liquidificada). Foi uma tortura ficar três meses sem mastigar!!! Mas valeu muuuuito a pena!!!


Depois, com 56kg!
Um ano depois eu já tinha eliminado 46 kg da minha vida! E consegui manter a incrível marca de 56kg por um longo período. Já estava começando a pensar nas plásticas reparadoras quando aconteceu a lesão medular. Com a falta de atividade física e a quantidade de hormônios que eu tomo, devo ter engordado uns 10 kg no último ano, mas estou no controle. Obesidade nunca mais na minha vida! Apesar de que, hoje, eu conseguiria lidar melhor com ela. Mas isso é assunto para outro post.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A gente só quer acesso.

Semana passada eu fiquei meio revoltada ao perceber que alguns órgãos insistem em não cumprir as leis. Explico: A seleção brasileira de futebol vai jogar em Belém (hoje, por sinal), e aqui existe uma lei que concede gratuidade aos idosos e portadores de necessidades especiais em eventos culturais e esportivos. Mas a organização do jogo resolveu não respeitar a lei e concedeu apenas o direito à meia entrada. Foi preciso que o Ministério Público entrasse em ação para fazê-los distribuírem os ingressos a quem de direito. Tudo bem, a pendenga foi resolvida, mas depois eu comecei a refletir sobre o assunto e acabei mudando de ideia.
Por quê os deficientes precisam de gratuidade??? Ora, nós lutamos tanto por inclusão e discursamos sobre sermos pessoas "normais", então, se não existe distinção entre mim e o outro, por quê eu entro de graça e o outro não?
Pensando mais além, cheguei à conclusão de que esse é aquele típico "jeitinho brasileiro" de tapar o sol com a peneira. "Vamos dar gratuidade para os quebradinhos ficaram felizes e não nos importunarem exigindo o que eles realmente precisam: acessibilidade. (Esta, muito mais dispendiosa para os cofres públicos).
Pensem comigo:
De que me adianta entrar de graça em um show se não existe um lugar adequado para ficar? Sou obrigada a ficar no meio da galera, levando cotovelada, cheirando bunda e o que é pior, não vendo o show por que tem um monte de gente em pé na minha frente. Mas eu não posso reclamar, afinal, eu entrei de graça!
De que me adianta entrar de graça no cinema e sair de lá com um baita torcicolo? Sim,  porquê os "lugares reservados para pessoas especiais" ficam praticamente embaixo da tela. Ou seja, somos tão "especiais" que ganhamos os piores lugares! Mas eu tenho que ficar feliz! Afinal, eu entrei de graça!
De que me adianta poder entrar de graça no jogo do Brasil, se eu vou ter que ficar na arquibancada? Como??? Correndo o risco de rolar arquibancada abaixo na primeira confusão que aparecer? Não. Muito obrigada!
Ah, lembrei de uma coisa interessante! Existem várias carteirinhas de gratuidade para os cadeirantes viajarem. Eu tenho todas! Não pago em ônibus urbano, nem intermunicipal, muito menos em interestadual. Todo mundo pensa: que maravilha!!! As próximas férias eu vou passar nas lindas cidades do Rio Grande do Sul! Mas eu não posso esquecer que a gratuidade é para viajar de ônibus e o trecho Belém-Rio Grande do Sul deve durar uns quatro ou cinco dias, o que vai me fazer chegar lá com uma escara (isso, se eu tiver sorte, por que o perigo maior é a trombose). Cadeirantes só podem fazer viagens longas de avião. Então, se eu não posso usufruir da minha gratuidade, pra quê eu vou querer carteirinha??? Quer ajudar? Oferece um desconto nas passagens aéreas que já está de bom tamanho!
E as pessoas "normais" acham que isso é frescura! Que a gente deveria agradecer! Parar de reclamar de barriga cheia! Engolir, calados, os sapos que nos empurram goela abaixo.
Comigo não!
É claro que eu não vou ser hipócrita e dizer que não gosto dessa gratuidade. É claro que é bom entrar de graça! Principalmente pra mim, que adoro cinema, teatro, shows, esportes...  Mas, melhor que entrar de graça, seria pagar para entrar em um lugar acessível, com lugares decentes reservados, onde vc não se sentisse um E.T. sendo carregado escada acima com cadeira e tudo.
Enfim...

Eu ainda sonho com uma revolução social! Eu ainda acredito que, um dia, alguém decente vai assumir o controle dessa bagaça que o país se tornou. Eu hei de ver o dia em que a política do pão e circo vai cair por terra.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O dia 18 de setembro de todos os anos

Desde criança até hoje, eu acordo no dia do meu aniversário achando que vou encontrar algo diferente no espelho. Já estou com 32 anos e ainda não consegui me desfazer dessa crença infantil. A lógica é: se hoje eu estou 1 ano mais velha, tem que haver alguma mudança física visível, um marco de passagem. Todos os anos eu me olho no espelho no dia 18 de setembro e nunca encontro nada diferente da noite anterior.
A vida passa e a gente não percebe... Só quando a gente olha no espelho e vê a pele do rosto um pouco mais flácida e algumas ruguinhas de expressão é que a gente se dá conta de que o tempo passa pra todo mundo. Sutilmente, como quem não quer nada.
Quando a gente é mais jovem, pensa muito em beleza. Rosto bonito e corpo perfeito são metas a serem alcançadas antes do conhecimento, da sabedoria e da cultura. Com o avançar da idade, a gente já apanhou da vida o suficiente para entender o que realmente importa.
Hoje eu tenho sede de conhecimento. Quero saber de tudo um pouco. Provar todos os sabores e sentir todos os aromas. Conhecer a vida, essa é a meta!
Tem gente que tem medo de envelhecer, eu não. Tal qual um bom vinho, quanto mais velho, melhor.

Sapiência, essa é a minha sede. Mas enquanto eu não me sacio, continuo procurando no espelho as marcas da vida.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Primeiro beijo.

Preciso registrar,
hoje fazem 15 anos que Elmir e eu trocamos nosso primeiro beijo!!!
Estranho perceber que o tempo passa tão depressa e a gente nem percebe.
De lá para cá, nunca mais a minha boca conheceu outra boca que não a dele. E eu me orgulho disso. Tanto, que estou preparada para beijá-lo com exclusividade até o último dos meus dias. E tomara que esse último dia seja tão bom quanto foi o primeiro!

Sobre desistir na hora do aperto.

Ufa!!! Muito tempo sem postar! Já estava com saudades. Muita coisa fervilhando na cabeça, mas vou postando aos poucos.
Fiquei longe um tempo dando apoio moral pro maridão que estava de férias do trabalho mas enlouquecido com o TCC. Quem conhece o Elmir sabe a quanto tempo ele vem empurrando a universidade com a barriga. Ele passou no vestibular em 2001!!!!!! São 10 anos tentando pegar esse bendito canudo!!! Agora só falta o TCC!!! E, acreditem, ele fala em desistir!
Meu marido não é nada persistente, nada guerreiro. Desiste das coisas no primeiro aperto que aparece. Ele tem uma facilidade incrível de abandonar tudo quando se sente pressionado de alguma forma.
Quando o conheci, ele cursava enfermagem e adorava. Era a profissão da vida dele. Mas, de repente, por causa de um desentendimento com os pais relacionado a trabalho, ele abandonou o curso no 6º semestre! De nada adiantaram os meus conselhos para que ele não desistisse. Faltava tão pouco tempo. Depois, fez vestibular para pedagogia (nada a ver com o que ele gostava de fazer mas, segundo ele, mais "fácil" de concluir). Dez anos depois e eu revivendo a mesma história da tentativa de desistência. Mas, dessa vez, acho que meus argumentos fizeram efeito. Depois de um loooongo e tenebroso papo sobre persistência, vencer dificuldades e superar desafios acho que consegui convencê-lo a continuar. Tenho tentado ajudá-lo a redigir a monografia, faço a revisão gramatical, ajudo nas pesquisas... enfim! Essa é uma novela que já dura 10 anos, mas que termina em dezembro deste ano, custe o que custar!
E a lição que eu tiro disso é que as pessoas, por mais afinidades que tenham, são sempre muito diferentes umas das outras. Reagem de formas distintas aos mesmos problemas. Desistir é uma palavra que não existe no meu dicionário! Se alguém me apresenta um desafio, nunca vai me ouvir dizer "não consigo" ou "eu não sei". A minha resposta é sempre: vou tentar. E invariavelmente, eu consigo.
O difícil é não julgar as pessoas que não têm a mesma atitude, principalmente quando essa pessoa é alguém tão próxima de vc e com a qual vc se importa tanto. A gente sempre quer o melhor para o outro. E eu sei que esse diploma pode representar uma mudança de atitude para o Elmir. Acho que vai ser bom pra ele dizer: eu desisti de desistir!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Desabafando com bom gosto

Porque até os desabafos precisam ser em grande estilo.


Poema em linha reta
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.




quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre as minhas vontades

Todo mundo pensa que a minha maior vontade é voltar a andar. Não é. Juro. As minhas vontades são outras:

Sinto vontade de dançar, de usar salto alto, de não precisar usar fralda geriátrica.
Sinto vontade de sair sozinha na rua, de voltar a trabalhar e fazer compras na feira.
Sinto vontade de pegar a minha Ciça num sábado à tarde e fazer um programa de mulherzinha, só nós duas.
Sinto vontade de tomar banho de chuva com ela, jogando futebol e rolando na lama.
Sinto vontade de limpar a minha casa, lavar o meu banheiro e organizar meu guarda-roupa.
Sinto vontade de pegar um cineminha com meus amigos, mesmo os que me abandonaram. Eu não guardo mágoas.
Sinto vontade de ir a um show e pular muito.
Sinto vontade de pendurar as roupas no varal, de mudar os móveis de lugar, de carregar minha filha no colo.
Sinto muita, mas muita vontade de passear de mãos dadas com meu marido de novo.

Enfim... eu ainda não consegui me desligar do mundo "andante" e tenho muitas vontades (impossíveis?), mas ainda bem que existe aquele sábio ditado: VONTADE É UMA COISA QUE DÁ E PASSA

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sexualidade após lesão medular

Muita gente tem curiosidade mas poucos são os que tem coragem de perguntar. Por isso, resolvi escrever um post sobre o tema. Para matar a curiosidade das pessoas e para que se discuta o assunto sem preconceitos.
Cadeirantes fazem sexo? Sentem prazer? Têm orgasmos? A resposta é: CLARO QUE SIM!!!
É preciso ter em mente que, após a lesão, as pessoas precisam de um tempo para compreender o que aconteceu com seu corpo, que tipo de sensações ficaram preservadas e onde o toque é prazeroso. É importantíssimo esse auto conhecimento. Assim, é possível orientar melhor o parceiro para que ele não fique apreensivo ou receoso. Mas o melhor mesmo é descobrirem juntos as possibilidades de prazer e zonas erógenas que ainda não haviam sido descobertas.
Para as mulheres cadeirantes, sem dúvida, as coisas são mais fáceis. Culturalmente, as mulheres já tendem para um sexo onde a cabeça está em sintonia com o corpo. A sexualidade feminina também se alimenta de imaginação e fantasias. Já o homem é mais físico, ereção e ejaculação. Daí a dificuldade maior para eles.
É claro que cada pessoa reage diferente, dependendo do tipo e local da lesão. Em alguns casos, onde a lesão é mais baixa, alguma sensibilidade pode ficar preservada, como é o meu caso (até nisso eu sou privilegiada).
Cientificamente falando, a excitação ( lubrificação vaginal nas mulheres e ereção nos homens) de um lesado medular pode acontecer de duas formas: a psicogênica, que é provocada por estímulos indiretos como lembranças, imagens e cheiros. E a reflexa, que acontece através de estímulos diretos na região genital.
De resto, tudo acontece normalmente. É claro que é muito diferente do sexo que se fazia antes da lesão. A libido diminui consideravelmente, as posições são restritas e existe uma série de cuidados a serem tomados antes, durante e depois. Mas, ainda assim, é extremamente prazeroso para ambos.

Dentre os cuidados importantes, estão:

  • Esvaziar a bexiga antes da relação sexual para não haver perda de urina.
  • O funcionamento intestinal deve ser regular e também deve estar em dias para evitar perdas.
  • Se necessário, lubrificar a vagina com gel apropriado. De preferência, hidrossolúvel para evitar reações alérgicas.
  • Ter cuidado com a pele durante o ato, procurando sempre posições seguras e confortáveis.
  • Usar preservativo sempre. Mesmo que se tenha parceiro fixo.
  • Manter um acompanhamento ginecológico regular.
Sexo faz bem pra todo mundo, lesado ou não. E, se é possível, porquê não fazê-lo? Basta se despir dos medos e preconceitos e encontrar parceiros cuidadosos e dispostos.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre um passado feliz

Quando eu tinha 15 anos, me dei de presente a primeira grande transformação da minha vida: me matriculei num curso de teatro. Na verdade, a minha intenção era perder um pouco a timidez e conhecer pessoas novas, socializar. Mas o que aconteceu foi uma grande virada na minha vida.
Foi na Fundação Curro Velho que eu aprendi a ver o mundo com outros olhos, onde aconteceu a minha formação artística e cultural e onde eu conheci pessoas especialíssimas (incluindo meu marido).
Quando eu comecei a fazer as aulas de teatro, eu acabei me interessando por outras artes: dança, fotografia, artes plásticas, música, artesanato, literatura, cinema, astrologia, misticismo... Aprendi de tudo um pouco. Comecei a ler muito, entrei em contato com as obras de grandes dramaturgos: Brecht, Beckett, Nelson Rodrigues... Apurei meu gosto musical. Conheci a música clássica e seus grandes mestres. Passei a admirar a fotografia e as artes plásticas. Me apaixonei por Frida Kahlo e Botero (este, por razões óbvias. rs).
Foram 2 anos de intenso aprendizado. Saí de lá aos 17 anos com uma bagagem cultural que eu jamais teria adquirido na minha vida. Depois, passei por vários outros grupos que também me acrescentaram muito conhecimento: Trupe Serelepe, Cia. Arteira, Alfabumba... Foram, sem dúvida, os melhores anos da minha vida! Foi a época em que eu mais me senti livre, dona de mim, onipotente!
Mas como tudo nessa vida passa, aos 20 anos eu tive que deixar tudo de lado por causa do trabalho e da faculdade. A adolescência tinha acabado e as responsabilidades da vida adulta me chamavam.
Eu teria me tornado uma grande atriz! Eu tinha (tenho?) talento! Mas eu preferi largar tudo por um emprego com carteira assinada e uma faculdade que eu não concluí (ainda). Mas eu não me arrependo, não! Na verdade, acho que saí no lucro, afinal, além de toda a cultura adquirida, eu ainda fiquei com meu marido e muitos, mas muitos amigos daqueles doces anos. E o melhor de tudo: essa saudade gostosa e a lembrança de momentos únicos. Pequenos pontos de felicidade que preenchem meu coração até hoje.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira...

Sempre gostei de dançar. Era a única coisa que me divertia nas festas. Não bebo, não fumo e namoro meu marido desde os 16 anos portanto, só me restava dançar. Dançava muito. A noite toda, se deixassem. Dançava o que tocasse, da valsa ao axé. Nas festas juninas então... eu me acabava!
Daí, que ontem fui numa festa junina na casa de uma amiga. Comidas típicas, todo mundo vestido à caráter, muita diversão, o arrasta pé correndo solto... e eu sentada!
É sempre assim, eu passo por um turbilhão numa boa, sem traumas, mas de vez em quando aparece uma coisa pequenina, sem importância, que me derruba!
Ontem foi assim. Ver meus amigos dançando sem poder acompanhá-los, me destruiu. É uma bobagem, eu sei! Mas mexeu comigo. Vou fazer o quê?
E sabe o que é pior? Eu me peguei fingindo pra mim mesma que estava tudo bem. Era como se eu não pudesse me permitir um momento de fraqueza. Pelo menos não por aquele motivo.
Eu sei que eu tenho o direito de me deprimir de vez em quando, de desesperar, de chorar... afinal, não é qualquer um que segura o tranco que eu seguro. Mas eu não me permito! São anos e anos como a pessoa mais forte do mundo, a durona da turma, a mãezona dos amigos, a confidente, a que tem solução pra tudo... Não dá pra fraquejar assim, por uma bobagem.
Engraçado o ser humano. A gente acha que consegue enganar a própria consciência dizendo para si mesmo que tá-tudo-bem-eu-nem-queria-dançar-mesmo. É como quando vc está de dieta e come chocolate escondido mesmo estando sozinho em casa.
Enquanto vc mente pra si mesmo, as pessoas ao seu redor acabam acreditando também. E assim a vida segue. Com todo mundo achando que vc tirou de letra o seu problema.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Reflexão do dia

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns
desempregados
Mas como tenho emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como eu não me importei com
ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht
(1898 - 1956)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Aprendi tudo, menos a ter coragem.

Estou meio frustrada!
Ainda não consegui colocar em prática as coisas que aprendi no hospital.
Saí de lá cheia de planos e super empolgada para fazer tudo o que eles me ensinaram. Só não imaginei que seria tão difícil adequar essas novidades à minha rotina.
A maior dificuldade é conseguir uma companhia. Ainda não saio sozinha na rua. Apesar de ter aprendido a me virar direitinho (subindo, descendo e transpondo obstáculos), ainda tenho medo. Não dá pra botar a cara na rua sozinha de uma hora pra outra e todas as pessoas ao meu redor (marido, pai, mãe, irmão) já têm sua rotina, seu dia-a-dia definido e corrido. Quem vai parar pra me atender, pra andar comigo pra cima e pra baixo?
Além disso, ainda não encontrei uma academia com acesso a cadeirantes próxima da minha casa. As academias acessíveis ou ficam longe e/ou são caríssimas, totalmente fora do meu orçamento.
Também tentei me matricular na natação, mas como já estamos em junho e nas férias de julho todas entram de recesso, dancei! Só em agosto!
Por fim, o basquete! Conheço o time, já tenho o telefone do treinador, já existe uma resposta positiva para participar dos treinos, mas ainda não aconteceu! Pelo simples fato de não ter quem me acompanhe, quem me leve até lá e me traga de volta.
Maldita dependência!!! Preciso perder o medo! Preciso criar coragem para sair sozinha! Se tantos conseguem, porquê eu não?
Estou frustrada por quê achei que o que faltava pra mim era aprender a fazer malabarismos. Não era! Isso eu já sei fazer! O que me falta é coragem, e isso ninguém pode me ensinar a ter.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre enfrentar o desconhecido.

Ontem meus olhos brilharam diante da TV. O jornal da tarde divulgava que as células tronco já estavam sendo utilizadas na Bahia. A reportagem mostrava que a experiência estava sendo feita em um paraplégico com lesão completa. Uma semana após o implante das células, ele já conseguia movimentar as pernas, inclusive, pedalando.
Quando a matéria acabou, meu marido já havia anotado o nome do hospital e o do médico responsável pela pesquisa. A luz no fim do túnel estava mais próxima do que pudéssemos imaginar.
- nós vamos pra lá! - ele me disse, no auge da euforia. - Eu vou conseguir entrar em contato com eles e você vai ser cobaia também!
Fiquei em silêncio por um longo tempo. Dentro de mim, como sempre, começava o rebuliço. Um turbilhão de pensamentos contraditórios. Mesmo empolgada com a possibilidade de cura, eu não conseguia parar de pensar:
- E se não der certo? Se essa for apenas mais uma tentativa frustrada? E se a esperança de milhões de pessoas que aguardam isso há anos, for por água abaixo?
- E se der certo? O que me faz pensar ser merecedora dessa dádiva? Com tantas pessoas com casos muito mais graves que o meu, porquê eu seria uma das primeiras?
- Como seria voltar a andar? Seria diferente de antes? Que sensações e sentimentos isso me traria?
- Como seria o recomeço depois de toda essa "bagagem" adquirida com a lesão?
- Como as pessoas reagiriam a isso? De que forma me enxergariam?
- Como seriam as pessoas se as sequelas das lesões medulares deixarem de existir? Sim, porquê são inegáveis as transformações pessoais que sofremos.
- O que seria daquela máxima que diz que as pessoas só aprendem com o sofrimento e com a perda?
Tudo bem, exagerei. É claro que as pessoas continuariam sofrendo por causas infinitas: pobreza, fome, violência, morte... Mas, e aquela transformação profunda, aquele bichinho da compaixão, da solidariedade e da tolerância que morde a gente e as pessoas da nossa família quando passamos por graves problemas de saúde, deixaria de existir?
Tudo muito complexo. Tudo muito controverso. Diante da cura iminente, cara a cara com a possibilidade de voltar a andar, o sentimento que me domina é o medo. Medo do desconhecido.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sobre as injustiças da vida de lesado...

Estou em uma enfermaria com umas 25 pessoas. Dessas, apenas 7 são mulheres. Todos lesados medulares. Alguns tetra, outros paraplégicos. São 25 histórias diferentes, 25 pessoas que lidam com a deficiência de formas diversas (alguns já entendem e aceitam, outros ainda não chegaram nessa fase), mas todos têm o mesmo objetivo: viver sem depender da ajuda dos outros.
É estranho ver que, no meio dessa gente toda, eu sou uma celebridade. Como o nível da minha lesão é L2 (no finalzinho da medula), eu tenho quase todos os movimentos preservados, além de ter controle de urina e intestino, coisa que nenhum lesado tem. Todos eles fazem cateterismo (uso de sonda para esvaziar a bexiga) a cada 4 horas, eu não. Todos eles fazem massagem abdominal e estímulo dígito-anal para fazer o intestino funcionar, eu não.
Isso me torna uma privilegiada no meio deles e muitos já me disseram que, se conseguissem ficar como eu, já estariam satisfeitos.
Como o mundo é controverso! Não tenho coragem para reclamar de mais nada!!!
Será possível que eu vou ter que agradecer por ter tido, dos males, o menor? E porquê será que a gente nunca está satisfeito com o que tem?
Eles morrem de inveja quando me vêem dando uns passinhos com o andador ou correndo para o banheiro com vontade de fazer xixi. E eu morro de inveja quando os vejo fazendo mil malabarismos com a cadeira de rodas, subindo e descendo rampas íngremes.
A parte mais ingrata dessa história, é que eles podem me ensinar o que sabem, e ensinam, generosamente. Mas eu, infelizmente não posso ensiná-los a fazer o que eu faço. Infelizmente, não depende de mim...
Esta tem sido uma troca injusta, onde só eu saio ganhando...

Diário de bordo - a desistência.

Desisti do diário! Primeiro porquê eu não estava conseguindo escrevê-lo. As atividades ao longo do dia estão tão pesadas que quando chega a noite, eu só quero saber de dormir!
E segundo porquê estava um pouco chato e repetitivo. Acho que, melhor do que falar sobre o que eu faço no dia-a-dia, seria falar das minhas impressões e dos ganhos que eu venho tendo nesses dias.
Sorry!

Diário de bordo - dia 2

O dia começou animado. A mulherada em polvorosa com a beleza dos professores de educação física! Pelo menos estímulo não vai faltar! rsrsrs
Às 10h, a primeira aula de condicionamento físico. Segundo o Cadú, um dos professores, seria light. Fico me perguntando como será a aula hard.
Tocamos cadeira nas dependências do Sarah, subindo e descendo rampa, tocando em terrenos "hostis", ultrapassando lombadas... enfim. Uma aula para destruir qualquer braço nunca antes exercitado!
No final, morta de cansaço, ainda enfrentei uma sessão de fisioterapia, mas dessa vez, só para as pernas. UFA!!
À tarde, recebi as orientações da nutricionista e participei da reunião do grupo de acolhimento, onde a gente aprende tudo sobre o hospital. As regras, as leis, o funcionamento...
Depois fui pra casa do cunhado curtir um pouco o fim de semana.

Diário de bordo - dia 1

O dia começou muito cedo. Às 6 da manhã eu já estava banhadinha e cheirosa aguardando o café da manhã.
Às 8:30h em ponto, entro no consultório da médica para a revisão clínica. Perguntas, exames físicos e o encaminhamento para a internação. Passei um bom tempo ouvindo as "Leis do Sarah". A parte mais difícil de cumprir é não usar roupa íntima. Os pacientes entram apenas com produtos de higiene. O hospital fornece o uniforme (que vc usa sem calcinha ou sutiã). Eles alegam que isso é para evitar contaminação (como iríamos lavar as peças íntimas?), mas eu acho anti-higiênico e muito incômodo. Além de ser um crime contra os peitos!!! rsrsrs
Após o almoço, visitas para as avaliações.
Primeiro a psicóloga. Conversamos longamente sobre as minhas expectativas, meus planos para o futuro e toda a minha história de lesada.
Depois, o fisioterapeuta. Traçamos metas para alcançar ao longo da internação. Finalmente vou aprender a empinar a cadeira! - Para desespero do Elmir que não quer me ver fazendo estripulias de jeito nenhum!
Por fim, o educador físico, que me mostrou as possibilidades de esporte adaptado que o Sarah oferece. Falamos também da minha vida sedentária e das atividades físicas mais adequadas para mim.
Ah, uma constatação aterradora: engordei 5kg nos últimos 5 meses!!! Fiquei arrasada!!! Espero perdê-los com a dieta do hospital.
Por fim, recebi minha grade de atividades para o resto da semana. E se tudo der certo, vou poder passar os finais de semana em casa.

Postando com atraso, mas tá valendo.

Como vcs já sabem, estou internada no Hospital Sarah de Brasília para reabilitação, por isso, estou sem postar há algum tempo. Internet só nos finais de semana. Mas pra não deixar os pensamentos se perderem, trouxe um caderninho para ir escrevendo durante a semana.
Tive a idéia de fazer um diário da minha estadia por aqui. Sempre que eu puder, vou postando...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Esperança renovada

Hoje eu recebi o telefonema que eu estava esperando há 5 meses. Demorou, mas aconteceu. Lá vou eu de volta pro Sarah semana que vem!
Desta vez, prometo me vestir de toda positividade possível! (Elaine, vou tentar colocar em prática o teu conselho) Estou empolgadíssima com a idéia da reabilitação!!! Ter minha liberdade de volta, minha independência... poder andar sozinha pela rua, voltar a trabalhar, estudar, praticar esportes... Nossa, há quanto tempo eu não sei o que é isso!!!
A única coisa que me tira o sono é não poder levar a Ciça. Ficar todo esse tempo longe dela vai acabar tirando um pouco o meu foco do tratamento. Mesmo sabendo que ela estará aos cuidados da minha mãe, a preocupação vai ser certa! Mãe é mãe em qualquer lugar do mundo! Mas esse é um mal necessário!
Tenho muitos planos para o futuro e, mesmo com os limites do meu corpo, vou colocá-los em prática. E ao Sarah, cabe o papel principal, o pontapé inicial. Sinto que a minha vida vai recomeçar mais uma vez. Vou encerrar este ciclo de dependência, de reclusão, de falta de perspectiva, de incertezas e medos. No dia 04/05, às 08:30hs, entro no Sara Brasília com a roda direita e com a esperança de começar um ciclo muito melhor.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A fé do tamanho de um grão de areia.

Gostaria de ser uma pessoa de mais fé. Gostaria de acreditar mais nas coisas e nas pessoas. Ao contrário disso,  questiono muito e sou bem cética em certos assuntos.
Não que eu seja pessimista - também não é para tanto - mas prefiro me preparar para o pior, sempre!
Quando descobri meu cisto e o médico me avisou da possibilidade de eu não sair andando do hospital, eu imediatamente comecei a me preparar psicológicamente para isso. E foi exatamente o que aconteceu. Talvez por isso eu não tenha passado por grandes traumas e revoltas quando tive que sentar na minha cadeira.
Quando eu fui pro Sarah pela 1ª vez, a minha família inteira estava megaconfiante. Todos acreditavam que eu voltaria de lá andando, ou pelo menos, com a possibilidade de. Mas eu não. Eu fui até lá para obter respostas sobre o meu caso. Eu queria explicações que os médicos daqui não sabiam (ou não queriam) me dar. É claro que, lá no fundo, eu queria ouvir que era possível, que existia solução... Mas eu me preparei para a pior resposta. E foi exatamente a que eu ouvi. "Não é impossível, visto que o organismo humano surpreende a medicina a todo momento, mas a cura definitiva é muito remota!"
Todo mundo se frustrou, menos eu! Eu já estava pronta para isso.
Meu marido diz que esse modo de pensar atrai negatividade. Pode ser... quem sabe?
Ele acha que se eu acreditasse mais na minha cura, ela seria viável. Minha mãe acha que se eu for à igreja, fizer promessa, rogar à Deus, vou voltar a andar rapidinho.
Aí eu me questiono: e se esse for o plano que Deus traçou pra mim? E se essa condição fizer parte do meu crescimento pessoal? E se Deus acha que eu realmente preciso passar por isso para me tornar uma pessoa melhor? Lutar contra isso não seria lutar contra a vontade Dele?
Sabe aquela história de pegar o limão e fazer uma limonada? Pois é, acho que é por aí!
Ao invés de ficar obcecada, tentando voltar a andar a todo custo, porque não gastar essa energia com coisas mais produtivas? Trabalho voluntário, por exemplo. Ou voltar a estudar.
Prefiro pensar que Deus me deu a chance de rever meus conceitos, de repensar os meus atos, de ampliar minha visão de mundo, mesmo que, para isso, tenha sido necessário me tirar a capacidade de andar.
No fim das contas, acho que o preço é justo. Quando eu paro para comparar a pessoa que eu era há 4, 5 anos atrás e a que eu sou hoje, eu não quero nem saber de pernas funcionando.
Honestamente.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Esse post é do Fael

Meu irmão me deu esse texto ontem.Gostei muuuito! Agradecendo o respeito e a admiração, vou compartilhá-lo com vocês.
                                       HERÓIS DE UM MUNDO INACESSÍVEL
Em tempos atuais, não precisa fazer muita coisa para perceber. Basta andar pelas ruas de qualquer cidade. Estão em toda parte. São pessoas como eu e você. Gente normal mas, infelizmente, não reconhecida como tal pelo terrível e taxativo preconceito social. Mas é uma premissa verdadeira afirmar que são normais sim. Necessitando de acessibilidade e com suas limitações, assim como eu e qualquer um dos outros tidos por "normais". Ou você acha que não? 
Imagine-se tentando subir uma escada onde os degraus são bem mais altos que o padrão. Já parou pra observar o quanto de esforço faz uma criança que brinca num parquinho e tenta subir no escorrega pelo lado da rampa?
Eu não me sinto inclinado a perder muito tempo buscando exemplos... você pode fazer isso sozinho. Você é uma pessoa "normal". Pare e pense. Ou não, nem é preciso parar!
Continue andando e veja como sua vida seria difícil sem que o mundo inteiro fosse adaptado ao seu padrão de necessidades. Corredores estreitos, banheiros onde vc nem ao menos pode entrar por causa da porta, e até mesmo imaginar mover-se dentro dele é impossível. É difícil, não é? Incomoda e angustia só de olhar a cena.
Você que já reclama de uma vida complicada, com seus N's problemas no trabalho ou em casa com a família, quando se depara com cadeirantes ou com qualquer portador de deficiências, transmite a eles olhares que, quando não discriminam, demonstram o quanto de pena você sente por eles serem piores que você. Sinto informar, meu amigo, você está redondamente enganado! Eles são infinitamente melhores que você! São heróis sem capa, vestidos como qualquer um para uma batalha infinita contra todo um MUNDO inacessível, onde até mesmo sua própria casa ou carro não pode lhes receber confortavelmente.
Quer olhar um PNE (portador de necessidades especiais) diferente? Olhe! Mas a diferença tem que estar no respeito e admiração que você, "normal", tem o dever e a obrigação de sentir por pessoas assim, mesmo ele sendo um estranho pra você. A deficiência é um símbolo que, de cara, já lhe diz a quantidade de desafios e monstros que aquela pessoa enfrenta todos os dias.
Com todo respeito e admiração a uma heroína que mora ao lado da minha casa, Deidy.
                                                                                                             Rafael Sales.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ogra encantada ou princesa desalmada?

Definitivamente, eu não me encaixo no padrão da maioria das mulheres.
Tá bom, eu assumo que sou vaidosa e consumista, mas quando o assunto é comportamento e atitude, a coisa muda um pouco.
Detesto demonstrações de carinho em público! Beijo na boca no meio da rua, nem pensar! Acho constrangedor para quem assiste.
Sempre detestei cartas de amor. Principalmente quando vinham com aquelas frases copiadas das revistas de adolescentes. Se você me ama, me diga que eu acredito. Simples assim!
Não gosto de nhê-nhê-nhê. Menos ainda de apelidinhos infantis como momô, bebê, ursinho, florzinha, nheco-nheco e afins. E se forem ditos com voz de criança, então... eu perco a paciência!
Depois do sexo, eu viro pro lado e durmo. Acho que o "depois" é um momento individual, em que você absorve  as sensações que o seu corpo produz: o relaxamento extremo, a paz de espírito. Cada um na sua. Sem aquele tal de "Foi bom pra você?".
Não sou ciumenta. Meu marido tem carta branca para sair sozinho com os amigos. Não fico fuçando o celular, nem os perfis na internet. Não mexo na carteira dele, nem leio a agenda.(Ele também é assim, graças a Deus!) Mas esse mérito é mais dele do que meu. Até agora não tive motivos para desconfianças, então... simplesmente não pego no pé! Confiança é uma palavra que precisa fazer parte dos relacionamentos.
Eu SEMPRE divido as despesas. E quando ele faz questão de pagar sozinho o jantar, eu banco o cinema e a pipoca. Se eu não tenho dinheiro, eu não saio de casa. Odeio depender financeiramente das pessoas!
Falando assim, eu pareço uma feminista desalmada, egoísta e grosseira. Mas, juro, não sou!
Prefiro dizer que sou meio contundente nas minhas opiniões. Sou mais cuidadosa que carinhosa. Me preocupo com as pessoas que amo, mas tento não invadir seus espaços. Prezo muito a liberdade e a individualidade nas relações. Não é porque você está comprometido que você tem a obrigação de dividir TUDO com a outra pessoa. Tem coisas e sentimentos que são só seus e vice-versa.
Há quem goste das outras. Eu, sinceramente, não as julgo. Cada um age com seus próprios instintos e de acordo com a sua verdade. Mas eu me sinto melhor assim.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Nos Poços (com Caio F.)

"Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra."




Se Caio me permite, gostaria de complementar: Estar num poço pode ser bom, de certa forma, mas sair dele é muuuuito melhor! Revigorado e com todas as lições de vida em dia, sair do poço, sem dúvida, é melhor!

Tragédia

Depois do trágico massacre ocorrido em Realengo, ficam as perguntas.
Todos ficamos procurando explicações para o inexplicável! Nada do que seja apurado responderá o que levou aquele cara a cometer esse ato insano. Essa resposta morreu com ele, se é que ele a tinha!
O que mais me impressiona, são as desculpas que as pessoas inventam. Ele era soropositivo. Que absurdo!! Isso seria motivo? Os aidéticos agora viraram assassinos justificados?
Ele era muçulmano! Ignorância total!!! Nenhuma religião, seja ela qual for, prega esse tipo de ato.
Pessoas más, mentes perturbadas, psicopatas, pedófilos e assassinos estão em todos os lugares! Convivem socialmente em todos os setores. Estão dentro das nossas casas, no nosso ambiente de trabalho, no nosso templo religioso. Ninguém está a salvo e, na minha opinião, não temos como nos proteger.
Prefiro acreditar que as coisas só acontecem por que têm que acontecer. Me comovo muito com essas coisas, mas preciso não me apegar. A vida continua para todos nós! Quanto às crianças que se foram, espero que continue para elas também! E que Deus tenha piedade dessa alma assassina!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O que eles vêem quando olham pra mim?

Sempre que saio de casa acontece a mesma coisa: olhares em cima de mim!
Sei que desperto a curiosidade das pessoas. Todo mundo quer saber sobre mim. Se foi acidente, quanto tempo faz, se foi muito difícil.... N perguntas! Eu realmente não me importo em respondê-las. Acho que o povo brasileiro é solidário por natureza, e essa curiosidade muitas vezes vem disso.
Algumas pessoas não falam nada - o que eu adoro! - mas, ainda assim, me olham diferente. Eu sinto!
As crianças, por exemplo, me olham com curiosidade. Parecem achar divertido andar em uma cadeira com rodinhas. São delas os olhares mais profundos - os que me desnudam. Um dia, um garotinho ficou tão impressionado comigo (ou com a cadeira, sei lá!), que ficou me seguindo dentro da loja. Para onde eu ía, ele ía atrás, e quando eu parava, ele se colocava na minha frente e ficava me olhando. Aquilo foi constrangedor! Dei graças a Deus quando a mãe dele veio me socorrer!
Os idosos me olham com pena. Sabe aquele olhar em que vc se sente um cachorro de rua? São os piores! É como se me achassem a pessoa mais sofredora do mundo! E a maioria deles tece algum comentário. Certa vez, eu estava parada olhando uma vitrine no shopping, quando uma senhora se aproximou. Ela não queria olhar a vitrine, apenas falar comigo. E ela solta: "Tadinha, tão jovem, tão bonita, e aleijada!". Eu olhei pra ela, dei um sorriso amarelo e me retirei, engolindo a seco a vontade de dizer poucas e boas. Odeio que me chamem de coitadinha!!!!!
Já os adultos, me olham de um jeito que eu ainda não consegui adjetivar! É como se quisessem me dizer: "É isso aí! Vc é  uma vencedora! Admiro a sua força!". A maioria deles, principalmente as mulheres, sorriem. E eu, mesmo sem entender, me sinto na obrigação de retribuir, completamente sem graça.
Agora, para os adolescentes, eu simplesmente não existo! Eles dificilmente me vêem! Não sei se isso é bom ou ruim, só sei que gosto! Um cadeirante já chama atenção por si só, e quando ele usa uma cadeira cor de rosa como a minha, fica praticamente impossível passar despercebido!
Como eu disse, não me importo de falar sobre o meu problema ou sobre como é ser deficiente. Acho até importante para a conscientização das pessoas. Mas tem alguns dias em que eu simplesmente não estou a fim! Como seria bom se as pessoas percebessem e respeitassem isso!

Selinho

Esse é o selinho que eu ganhei da queridíssima Márcia do blog "Um dia de cada vez e sempre" http://marciapitelli.blogspot.com/
Assim como eu, ela tem um cisto aracnóide na coluna (que é bem raro!). A encontrei numa comunidade do Orkut, onde eu estava procurando pessoas com o mesmo problema que o meu. Trocamos experiências e, a partir daí, começamos nossa amizade virtual.
Ela disse que receber um selinho é como ganhar um abraço, um carinho. Concordo! Só vou ficar devendo cumprir as regras porquê quase não tenho seguidores... Sniff!!!
Marcinha, obrigada pelo afago e um grande beijo pra vc!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os verbos do amor

Ontem estive folheando uma revista antiga e me deparei com uma matéria com o seguinte título: Os sete verbos do amor. São eles: Rir, respeitar, desejar, dividir, superar, mimar e admirar.
Dentre eles, o que mais me chamou atenção foi ADMIRAR.
Mais do que o respeito e o desejo, a admiração pelo parceiro é fundamental para que o relacionamento dure.
Sou casada há 7 anos e tenho um total de quase 15 anos de relacionamento com meu marido. Sempre me pergunto o porquê de estar durando tanto tempo. Amor, claro! Respeito, sem dúvida! Mas admiração acima de tudo! Admiro o caráter dele, o coração bondoso, a luta diária para melhorar a nossa vida e o cuidado extremo que ele tem comigo e com a Cecília.
Muitas vezes, no dia-a-dia, a gente deixa a desejar no romantismo, mas é muito importante cultivar o cuidado, o beijinho na saída pro trabalho, preparar o prato preferido um do outro, sair sem os filhos de vez em quando, assumir o controle da casa quando o outro estiver cansado, enfim! Casamento não é fácil, mas é muito bom!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sobre os dias...

Hoje eu acordei com saudades!
Acho que isso acontece com todo mundo. É inevitável, a uma certa altura da vida, as pessoas olharem pra trás e sentirem saudade. Lembrar de pessoas queridas, viagens, momentos mágicos... enfim! Reviver a vida em pensamento!
Parece lugar comum dizer: "Viva a vida intensamente!!!" Eu mesma achava isso uma bobagem, uma frase feita que muitos dizem sem ter noção do que isso realmente significa. Mas agora eu tenho essa noção.
Hoje eu sinto vontade de fazer coisas que, de tão simples, eu nunca teria sentido se não tivesse virado cadeirante. Quando a gente tem a liberdade tolhida de alguma forma, é que a gente consegue perceber a importância das coisas simples da vida.
Ontem fui ao médico. Andando pelo centro da cidade na minha cadeira de rodas, lembrei do tempo em que eu realmente andava. Vento nos cabelos, pensamento longe, os pingos da chuva da tarde, as tempestades de mangas (quem mora em Belém sabe muito bem o que é isso), o calor abafado, a pressa pra chegar a tempo no trabalho.... Tudo isso ficou pra trás e deixou uma saudade muito doce. De um tempo muito bem vivido mas talvez não tão aproveitado. Como saber?
Agora vivo um novo ciclo. Vejo a vida em outra perspectiva, literalmente. Tudo está  acima de mim. Tudo está maior e mais difícil de transpor. As pedras do caminho que antes eu chutava pro lado, hoje emperram as rodas da minha cadeira. Travo uma luta diária contra mim mesma. Para não desesperar, para não enfraquecer, para continuar acreditando na cura e, principalmente, para não perder a alegria de viver.
Essa nostalgia que bate de vez em quando, apesar de machucar um pouco, também me traz a certeza de que eu preciso aproveitar essa fase atual. Quem sabe lá na frente e não vou estar sentindo saudades dela? Nunca se sabe!

terça-feira, 5 de abril de 2011

O fim da TPM!!!

Quando estive no Sarah, em agosto do ano passado, os médicos descobriram que eu estava com uma anemia preocupante. Começamos, então, uma guerra para repor o ferro no meu organismo. Ora, seria simples: faria medicação oral e melhoraria a alimentação rica em ferro, certo? Errado. Como tudo na minha vida, existem outras complicações.
Como vcs sabem, fiz redução de estômago, ou seja, não cabe quase nada na minha barriga. Aumentar a quantidade de comida, impossível!!! Como todo bom gordinho, nunca fui fã de legumes e verduras, e isso não mudou após a cirurgia. Tudo bem, hoje em dia eu faço um esforço e consigo comer alguns legumes, mas as folhas não descem de jeito nenhum!(justo elas, que têm maior quantidade de ferro).
Para complementar, reposição de ferro via oral. Um comprimidinho por dia e pronto! Que nada! Todos os remédios que eu experimentei até agora prenderam o meu intestino. Agora, imagine, ele nunca funcionou adequadamente (todos os dias), depois da gastroplastia diminuiu o ritmo por causa do consumo reduzido de alimentos e, depois que virei cadeirante, ele praticamente parou de funcionar!!! É um inferno conviver com isso!
Agora vc deve estar se perguntando: o que isso tudo tem a ver com TPM??? Explico:
Uma das medidas tomadas pelo médico, foi suspender a meu fluxo menstrual - que era muito intenso - para que eu não perdesse mais ferro ainda nos sangramentos mensais. Ele me receitou um anticoncepcional de uso contínuo e acabou com o meu estresse. Faz 4 meses que eu não sinto os incômodos da menstruação (para as mulheres cadeirantes, isso é uma maravilha), nem as irritações da TPM. Sumiram o mal humor, a irritação, as dores de cólica, os inchaços, tudo!!!!
Bom, como não pretendo mais ter filhos, acho que vou continuar usando o medicamento pro resto da vida!!!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Dilema de mãe

Tenho pensado muito ultimamente sobre educação infantil. Acho que essa é uma preocupação de todos os pais. Ninguém de nós quer errar na educação dos filhos. Mas como saber a forma certa de educar?
Meu marido é pedagogo, ou seja, sabe todos os métodos considerados "corretos", não é verdade? Não! Não é verdade! Teoricamente, é muito fácil vc colocar em prática um "método" já estudado anteriormente. Mas, na prática, a coisa é bem diferente!
Eu, assim como a maioria das crianças da minha geração,  fui educada com a pedagogia do chinelo! Qualquer comportamento inadequado era prontamente corrigido com um safanão! E todas as crianças da época, mesmo as mais levadas, não ousavam levantar a voz para os pais ou para qualquer pessoa mais velha.
Os tempos mudaram e a geração que apanhou não quer o mesmo para os filhos. Eu, por exemplo, não entendo a atitude de quem bate com o intuito de corrigir. Quantas vezes vc se aborreceu com um colega de trabalho mal educado e tentou corrigí-lo com palmadas??? Por outro lado, nunca se viu crianças tão mal educadas, respondonas e bocas sujas como hoje em dia!!! Como resolver? Conversando, diriam os pedagogos e psicólogos de plantão! Mas, e quando isso não surte efeito?
Acho que esta questão está longe de ser solucionada! Enquanto isso, a dúvida permanece: será que meus pais estavam certos???

terça-feira, 29 de março de 2011

O menino das meias vermelhas

Sempre me emociono quando leio esse texto. Talvez por ser mãe, sei lá...

"Todos os dias ele ia para o colégio com meias vermelhas. Era um garoto triste, procurava estudar muito mas na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa.
Os outros guris zombavam dele, implicavam com as meias vermelhas que ele usava. Um dia, perguntaram porque o menino das meias vermelhas só usava meias vermelhas.
Ele contou com simplicidade: "No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo. Botou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei, comecei a chorar, disse que todo mundo ia zombar de mim por causa das meias vermelhas. Mas ela disse que se me perdesse, bastaria olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas saberia que o filho era dela."
Os garotos retrucaram: "Você não está num circo! Por que não tira essas meias vermelhas e joga fora?" Mas o menino das meias vermelhas explicou: "É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim vai me encontrar e me levará com ela."
Carlos Heitor Cony

segunda-feira, 28 de março de 2011

Incontinência

Todo cadeirante que se prese sofre com o problema da incontinência. Quem de nós nunca voltou pra casa cheirando a xixi? Que vexame!!! rsrsrsrsrs Tem que rir pra não chorar!!!
No meu caso (paraparesia : perda parcial de sensibilidade dos membros inferiores), tenho um pouco de controle ainda. Consigo sentir a vontade de ir ao banheiro, mas tenho urgência. Se não tiver um banheiro por perto, já era!!! rsrsrsrs Ainda não preciso fazer cat. Controlo a urgência apenas com medicação, mas ainda assim, não confio muito, não.
Depois de muitos perrengues e corre-corres por causa de banheiros, meus problemas acabaram! Descobri as fraldas Plenitud Active. Na verdade, são roupas íntimas descartáveis para quem tem uma incontinência moderada. Ajuste perfeito ao corpo, não faz barulho como as fraldas comuns, disfarça os odores e, o mais legal, tem formatos específicos para mulheres e homens. Uso sempre que vou sair de casa sem hora pra voltar. Me sinto mais segura. Tudo bem que a gente não se sente nada sexy num fraldão, mas é muuuuito melhor do que passar vergonha e ter que abandonar o passeio pela metade.
Fica a dica.

Lutando com classe

Desde que me tornei cadeirante, há quase três anos, tenho passado por muitas dificuldades. Aos poucos irei postando aqui algumas delas. Mas hoje, quero falar da pior de todas: a falta de acessibilidade.
Mais do que o preconceito, mais do que a indiscrição de algumas pessoas, mais do que a dependência, a falta de acesso em locais públicos tira o sono dos deficientes.
Eu vou a todos os lugares em que tenho vontade. E quando não há acesso, eu entro do mesmo jeito. Conheço alguns cadeirantes que se recusam a entrar em lojas, bares e quaisquer outros estabelecimentos inacessíveis. Eu não concordo com isso. Se eu der meia volta, o dono daquele local vai continuar não se importando comigo. Ao contrário disso, eu uso os meus atributos femininos. Faço a cara mais sorridente do mundo e falo pra ele: Eu atravessei a cidade só pra vir aqui no seu restaurante (por exemplo) comer aquele empadão de ricota com manjericão que só vocês sabem fazer, mas não tem uma rampa pra eu subir. E agora, volto pra casa com fome?
Acreditem, sempre funciona!!! Eles mobilizam funcionários para carregar a cadeira, afastam mesas e me dão toda a atenção! Enquanto isso, eu aproveito pra falar sobre a importância do acesso no local.
Temos que lutar pelos nossos direitos. Mas lutar pacíficamente, educadamente, sem barracos, na classe! Não se consegue nada no grito. Isso vale para tudo na vida.

PARA SEMPRE, CAIO F.

Tenho lido muito ultimamente! Mais do que de costume.
E pela 3ª vez, estou lendo Morangos Mofados. É o meu livro preferido. A cada releitura decubro novas possibilidades, nuances diferentes, doçura em contos amargos e amargura em contos doces.
Este livro desnuda a alma de Caio e dilacera princípios.
O que primeiro chama a atenção na leitura de Morangos mofados é a fineza de estilo, a agudeza e a percepção de Caio Fernando Abreu para tratar da essência, do que há de mais profundo no ser humano. A busca, a dor, o fracasso, o encontro, o amor e a esperança vão se delineando nessa série de contos que se entrelaçam quase como se fossem um romance. Morangos mofados foi o maior sucesso de Caio, que lançou 11 livros e foi traduzido para diversas línguas.
Obrigatório!!!

Recomeçando

De volta à blogsfera depois de uns três anos longe das postagens. Excluí meu antigo blog por achar que ele não condizia mais com a pessoa que sou hoje. Lá, eu falava sobre coisas que não me interessam mais. Este aqui terá a minha cara atual. Mostrará a Deidy que sobreviveu aos tsunamis da vida. Completamente outra, mas com a mesma alegria de viver. Como estou há muito tempo parada, minha cabeça está fervilhando. Isso significa que, a princípio, vai rolar um post atrás do outro.
Espero que gostem e opinem.
Big beijo.
Tecnologia do Blogger.