Estou em uma enfermaria com umas 25 pessoas. Dessas, apenas 7 são mulheres. Todos lesados medulares. Alguns tetra, outros paraplégicos. São 25 histórias diferentes, 25 pessoas que lidam com a deficiência de formas diversas (alguns já entendem e aceitam, outros ainda não chegaram nessa fase), mas todos têm o mesmo objetivo: viver sem depender da ajuda dos outros.
É estranho ver que, no meio dessa gente toda, eu sou uma celebridade. Como o nível da minha lesão é L2 (no finalzinho da medula), eu tenho quase todos os movimentos preservados, além de ter controle de urina e intestino, coisa que nenhum lesado tem. Todos eles fazem cateterismo (uso de sonda para esvaziar a bexiga) a cada 4 horas, eu não. Todos eles fazem massagem abdominal e estímulo dígito-anal para fazer o intestino funcionar, eu não.
Isso me torna uma privilegiada no meio deles e muitos já me disseram que, se conseguissem ficar como eu, já estariam satisfeitos.
Como o mundo é controverso! Não tenho coragem para reclamar de mais nada!!!
Será possível que eu vou ter que agradecer por ter tido, dos males, o menor? E porquê será que a gente nunca está satisfeito com o que tem?
Eles morrem de inveja quando me vêem dando uns passinhos com o andador ou correndo para o banheiro com vontade de fazer xixi. E eu morro de inveja quando os vejo fazendo mil malabarismos com a cadeira de rodas, subindo e descendo rampas íngremes.
A parte mais ingrata dessa história, é que eles podem me ensinar o que sabem, e ensinam, generosamente. Mas eu, infelizmente não posso ensiná-los a fazer o que eu faço. Infelizmente, não depende de mim...
Esta tem sido uma troca injusta, onde só eu saio ganhando...
Kicks Sense 1.0T EDC compensa pelo que entrega?
Há 5 semanas