quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A gente só quer acesso.

Semana passada eu fiquei meio revoltada ao perceber que alguns órgãos insistem em não cumprir as leis. Explico: A seleção brasileira de futebol vai jogar em Belém (hoje, por sinal), e aqui existe uma lei que concede gratuidade aos idosos e portadores de necessidades especiais em eventos culturais e esportivos. Mas a organização do jogo resolveu não respeitar a lei e concedeu apenas o direito à meia entrada. Foi preciso que o Ministério Público entrasse em ação para fazê-los distribuírem os ingressos a quem de direito. Tudo bem, a pendenga foi resolvida, mas depois eu comecei a refletir sobre o assunto e acabei mudando de ideia.
Por quê os deficientes precisam de gratuidade??? Ora, nós lutamos tanto por inclusão e discursamos sobre sermos pessoas "normais", então, se não existe distinção entre mim e o outro, por quê eu entro de graça e o outro não?
Pensando mais além, cheguei à conclusão de que esse é aquele típico "jeitinho brasileiro" de tapar o sol com a peneira. "Vamos dar gratuidade para os quebradinhos ficaram felizes e não nos importunarem exigindo o que eles realmente precisam: acessibilidade. (Esta, muito mais dispendiosa para os cofres públicos).
Pensem comigo:
De que me adianta entrar de graça em um show se não existe um lugar adequado para ficar? Sou obrigada a ficar no meio da galera, levando cotovelada, cheirando bunda e o que é pior, não vendo o show por que tem um monte de gente em pé na minha frente. Mas eu não posso reclamar, afinal, eu entrei de graça!
De que me adianta entrar de graça no cinema e sair de lá com um baita torcicolo? Sim,  porquê os "lugares reservados para pessoas especiais" ficam praticamente embaixo da tela. Ou seja, somos tão "especiais" que ganhamos os piores lugares! Mas eu tenho que ficar feliz! Afinal, eu entrei de graça!
De que me adianta poder entrar de graça no jogo do Brasil, se eu vou ter que ficar na arquibancada? Como??? Correndo o risco de rolar arquibancada abaixo na primeira confusão que aparecer? Não. Muito obrigada!
Ah, lembrei de uma coisa interessante! Existem várias carteirinhas de gratuidade para os cadeirantes viajarem. Eu tenho todas! Não pago em ônibus urbano, nem intermunicipal, muito menos em interestadual. Todo mundo pensa: que maravilha!!! As próximas férias eu vou passar nas lindas cidades do Rio Grande do Sul! Mas eu não posso esquecer que a gratuidade é para viajar de ônibus e o trecho Belém-Rio Grande do Sul deve durar uns quatro ou cinco dias, o que vai me fazer chegar lá com uma escara (isso, se eu tiver sorte, por que o perigo maior é a trombose). Cadeirantes só podem fazer viagens longas de avião. Então, se eu não posso usufruir da minha gratuidade, pra quê eu vou querer carteirinha??? Quer ajudar? Oferece um desconto nas passagens aéreas que já está de bom tamanho!
E as pessoas "normais" acham que isso é frescura! Que a gente deveria agradecer! Parar de reclamar de barriga cheia! Engolir, calados, os sapos que nos empurram goela abaixo.
Comigo não!
É claro que eu não vou ser hipócrita e dizer que não gosto dessa gratuidade. É claro que é bom entrar de graça! Principalmente pra mim, que adoro cinema, teatro, shows, esportes...  Mas, melhor que entrar de graça, seria pagar para entrar em um lugar acessível, com lugares decentes reservados, onde vc não se sentisse um E.T. sendo carregado escada acima com cadeira e tudo.
Enfim...

Eu ainda sonho com uma revolução social! Eu ainda acredito que, um dia, alguém decente vai assumir o controle dessa bagaça que o país se tornou. Eu hei de ver o dia em que a política do pão e circo vai cair por terra.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O dia 18 de setembro de todos os anos

Desde criança até hoje, eu acordo no dia do meu aniversário achando que vou encontrar algo diferente no espelho. Já estou com 32 anos e ainda não consegui me desfazer dessa crença infantil. A lógica é: se hoje eu estou 1 ano mais velha, tem que haver alguma mudança física visível, um marco de passagem. Todos os anos eu me olho no espelho no dia 18 de setembro e nunca encontro nada diferente da noite anterior.
A vida passa e a gente não percebe... Só quando a gente olha no espelho e vê a pele do rosto um pouco mais flácida e algumas ruguinhas de expressão é que a gente se dá conta de que o tempo passa pra todo mundo. Sutilmente, como quem não quer nada.
Quando a gente é mais jovem, pensa muito em beleza. Rosto bonito e corpo perfeito são metas a serem alcançadas antes do conhecimento, da sabedoria e da cultura. Com o avançar da idade, a gente já apanhou da vida o suficiente para entender o que realmente importa.
Hoje eu tenho sede de conhecimento. Quero saber de tudo um pouco. Provar todos os sabores e sentir todos os aromas. Conhecer a vida, essa é a meta!
Tem gente que tem medo de envelhecer, eu não. Tal qual um bom vinho, quanto mais velho, melhor.

Sapiência, essa é a minha sede. Mas enquanto eu não me sacio, continuo procurando no espelho as marcas da vida.
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